É dispensável a realização de uma pesquisa entre nós para mensurar o tamanho do descontentamento que assola
a nossa classe profissional. Basta andar por aí e conversar com quem está na
linha de frente, e então concluiremos o óbvio. Ultimamente não tenho encontrado
um sequer que esteja satisfeito, quer pelas condições de trabalho oferecidas
pelas instituições, quer pela remuneração ou reconhecimento profissional. Tanto
no serviço público quanto no privado é patente a desmotivação e a desesperança
que têm baixado em nós.
Podemos agrupar várias razões como determinantes deste
fenômeno, que vão desde a falta de vontade política para tratar a saúde dos
brasileiros (incluindo a nossa) como prioridade de governo neste país, à passividade
dos profissionais que sucumbem acomodados dentro de um sistema vil. Não é
exagerado dizer que tem muita gente padecendo. Grande parcela está submetida a
contratos precários de trabalho, subempregos e em regime que podemos até nominar
de neoescravagista.
Em um mundo pós-moderno, em que a ostentação e a vaidade são
reinantes, onde eu preciso ostentar mais do que ter um bom emprego, um bom
carro, uma boa casa etc. Não ter condições para satisfazer alguns desejos, tende
a provocar em mim uma tristeza e conflito interno; porque para ser bem aceito
na sociedade eu preciso mostrar. A sociedade me cobra e eu, vou na onda
exibicionista! Valores invertidos, aliás, muita coisa de ponta-cabeça. Neste tempo e neste meio estamos nós
profissionais de Enfermagem.
Já encontrei muitos colegas
que tem vergonha de dizer que são Enfermeiros, Outros tímidos para dizer
quanto ganha de salário, em qual instituição labora, ou que estão
desempregados. Vergonha de parecer desvalorizados, ridículos! E não são poucos.
Estes e muitos outros, após uma leitura apressada e equivocada das causas que
de fato constituem o cerne da questão, ou que a elas estão atreladas, apontam os
canhões para a categoria profissional e maldizem a Enfermagem como um todo. Já
ouvi certas coisas do tipo: Enfermagem não está com nada! Estou arrependido de
ter escolhido Enfermagem! Eta profissãozinha!
Ou interrogações seguidas de exclamações como: Você é Enfermeiro?
Coitado de você! Essas pessoas esquecem que a Enfermagem é feita por pessoas e
a culpa pode estar nelas mesmas. E,
quando maldizemos a nossa profissão, estamos maldizendo a nós mesmos. Um tiro
no próprio pé! E o pior, sem ao menos fazer uma reflexão, com o fim de buscar
uma solução para os problemas. Tentar apequenar uma profissão tão nobre e de
forma tão superficial não é inteligente. Antes de disparar qualquer coisa, devemos
mirar nas causas. Não precisamos também ficar calados e acuados. Os problemas
são reais e graves. Jamais temos que fechar os olhos para as aberrações que nos
assolam. Além de quem é cuidado por nós, somos os grandes prejudicados. Fechar
os olhos em meio a um tiroteio para não ser atingido é insanidade. Sendo assim,
precisamos diagnosticar as causas dos problemas e procurar meios para tocar
suas raízes.
Muita coisa precisa ser trazida a lume e debatida, com
conhecimento, senso crítico e vontade de mudança. Essas questões e outras
contingentes, precisam ser tratadas com carinho por nós. É premente! Chega de
ficar focado apenas na nossa tarefa diária, na técnica de tal procedimento e
nas rotinas costumeiras! Ser profissional de Enfermagem verdadeiramente, é
muito mais do que isso. É também pensar nos fatores condicionantes e
determinantes dos eventos, com senso
crítico. A maledicência, que vai além de falar mal do colega, caminha na
contramão e é condenada pelo nosso código de ética; pois, tende a causar efeito
rebote, pelo que, faz agravar uma situação; neste caso, já difícil. Achar que
vamos conseguir despertar nos nossos colegas o desejo da mudança nos valendo
deste meio é ledo engano. Maldizer a profissão do cuidado é diminuir a nós
mesmos. Talvez você pense assim: mas, muitos dos colegas precisam mesmo ser
diminuídos, pois não tem nenhum preparo e muito menos, vocação ou respeito para com esta profissão e, suas presenças contaminam
o ambiente de trabalho com os maus exemplos. Mesmo assim, devemos pensar na
maioria, que trabalha de forma decente. Quando falamos mal da Enfermagem, a
ideia que passamos é o nivelamento de todos os profissionais para o mesmo
patamar. Aí é nefasto. Vamos nivelar por cima ou por baixo? Vamos pensar nisso!
O que dizer? Ora a verdade é dita e muitos se calam mesmo! Bem...
ResponderExcluircontinuarei a lutar pela enfermagem do conhecimento, sem submissão, com fé e vocação.
Também concordo quando cita o comodismo, a falta de atitude e iniciativa, por parte de nós profissionais mesmo. Mas também creio numa perspectiva de melhora e que a educação deixe de ser parte do sistema capitalista que rende lucro, onde se formem mais profissionais capacitados. A quantidade de profissionais em excesso e a desvalorização da classe decorre muito da banalização dada neste século a educação. também continuarei a lutar pela Enfermagem como profissão digna de muitoo reconhecimento, seja profissional, seja financeiro. SEM MAIS......
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