Me permita hoje, caro leitor e internauta, começar com um
rápido exercício dirigido especialmente a você colega, profissional da
Enfermagem. Pare um pouquinho e neste exato instante pense comigo em quantos
colegas estão labutando em seus postos de trabalho. Imagine quantos postos de
saúde, clínicas, prontos-atendimentos, emergências de grandes hospitais, etc.
estão abarrotados de pacientes que são cuidados por colegas que diligentemente cumprem
com a parte que lhes cabe. Muitos em ambientes altamente insalubres e desumanos,
outros literalmente derramando seu suor em ambientes quentes e insuportáveis, no
pleno verão brasileiro! Então, de norte
a sul do país tem muita gente nessa linha de frente, sentido na própria pele as
deficiências da estrutura da saúde pública deste amado Brasil. Falar disso
agora pode ser até dispensável pois você e qualquer profissional já passou e
passa por isso, e sabe muito bem do
funcionamento deste nosso ofício porque já sentiu na própria carne. Talvez você
diga: Isso é rotina do meu cotidiano, não me causa espanto, é algo normal! Quem precisa refletir sobre isso são os
governantes, os parlamentares, os gestores da saúde e a população em geral que tem
em suas mãos o poder de decidir em um país democrático de direito! Quero dizer
que, piamente concordo contigo. Agora
pergunto: Estamos satisfeitos? Está bom assim? Isto está certo? É muito claro
que não! Ocorre que, agonizamos sozinhos
sem o devido e merecido respeito que nos é cabido. Por quê? Agora tento explicar:
A Enfermagem por anos e anos ficou escondida dentro dos seus
redutos. Dentro dos hospitais, clínicas e outros postos de trabalho ficamos
silentes. Muito evoluímos no saber técnico-científico, produzimos ciência e
ganhamos notoriedade acadêmica, isto é fato! Mas, e o reconhecimento social e
financeiro somados à participação nos espaços de poder? Será que avançamos em
ritmo igual ou parecido? De novo, não! Antes de prosseguir, quero relembrar que
somos uma das maiores forças de trabalho organizadas deste país. Dentro da
saúde possuímos o maior contingente de profissionais e temos pouca visibilidade
e representatividade política. No parlamento brasileiro, dos 513 deputados federais,
temos 02 parlamentares Enfermeiras. Entre os 81 senadores não temos representantes
(alguém da Enfermagem). Número pífio, dada a quantidade de profissionais. O que
nos falta? Você pensou em união, eu sei! Tudo bem, tenho que concordar contigo! O diagnóstico
é cristalino e não deixa margem para outra hipótese. Confesso que ao longo da
minha vida profissional já conversei com muitos colegas sobre este assunto e a
concordância nesse ponto chega a assustar! Pois bem, é fácil chegar à união desejável? Teoricamente sim. Primeiro
é bom dizer que para isso temos que começar exercitando o sentimento de humildade
e união, e que tudo começa de dentro pra fora. Eu tenho que mudar para que o meu ambiente de
trabalho mude e, alcance o mundo a minha boa influência, e não ao inverso. Mas essa leitura muita gente já fez e procura
praticar. Ainda assim, parece que não saímos do lugar! Então é preciso nos
organizar, com rumo e meta bem delineados. Precisamos querer mais, discutir
mais sobre isso e avançarmos para além de um discurso puramente oco. Temos que
botar em prática o que desejamos, com paciência e visão prospectiva.
Necessitamos enxergar além do óbvio, nos interessar mais pelo assunto e
contagiar os outros com o bom exemplo. Não há outro caminho a ser trilhado. Se
quisermos ter mais visibilidade e representatividade nos espaços de poder, devemos
sim, pensar nisso com humildade, porque nesse ponto ainda somos muito arrogantes.
Uma profissão tão nobre não pode ficar reduzida às tarefas do labor diário.
Temos massa cinzenta, somos sujeitos pensantes, políticos, idealizadores. Ou
não nos damos conta disso ainda? Chega de ficar às escondidas!
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