quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

DISCORDAR É COLABORAR

 
                É  bastante comum antagonizarmos quem pensa diferente da gente e, comumente arrogamos para nós mesmos a razão que julgamos possuí-la. Às vezes com essa postura arrogante, melindramos até mesmo a boa convivência  com as pessoas que nos cercam e, cerceamos a oportunidade de expandir a nossa visão ao desconsiderar o contraditório. Essa postura é uma baita tolice.
                Para a defesa de uma ideia ou de um ponto de vista com o propósito de gerar convencimento é necessário sobretudo, respeitarmos o oposto. Quando defendemos algo, somos inclinados a querer que todos pensem como nós,  e até nos irritamos quando alguém corajosamente ergue a mão e diz: Eu discordo! E, pior ainda, quando esse ser do contra, apresenta uma contestação que nos parece jogar por terra o que foi dito. Por que agimos assim se podemos contra argumentar?  Devemos entender que uma contra argumentação pode provocar uma solidez ainda maior de uma ideia inicial. Se estivermos seguros e embasados, por que não desejar uma manifestação contrária? Agora, se não estamos seguros, naturalmente vamos ficar chateados e até odiar o opositor.  A insegurança gera stress que gera dificuldade de racionalizar. Nos induz a falar alto e até mesmo de demonstrar intolerância.  Lata cheia não faz barulho! Quem tem conteúdo e está seguro no que diz, geralmente é sereno, é tolerante, é convincente e considera bem vinda uma ideia contraditória.
                Devemos aprender a lidar diariamente com quem pensa diferente, agindo com prudência e equilíbrio. Isso vale para  nossa vida familiar, social, religiosa e profissional. Imagine você  numa sala com 40 alunos e você é o professor. A sala é climatizada e você está com o controle do ar condicionado em suas mãos, então você pergunta: Tá quente? E todos respondem que está quente.  Essa unanimidade quer dizer que realmente está quente. Vamos imaginar que você coloque o ar em 15°c  e ai você pergunta: Está frio? E todos respondem que está frio. Isso quer dizer que de fato está frio e você não está com febre! Daí você resolve aumentar os graus do ar para 22°c  e se arrisca e pergunta: Quem acha que está frio? Então, 20 pessoas levantam a mão e, você prossegue: Quem acha que está quente?  As outras 20 pessoas levantam a mão. Esse é o ponto de equilíbrio. Aí deverá permanecer a temperatura do ambiente.  Os polos são sempre perigosos, e a virtude está no meio. Por isso é necessário que achemos o ponto de equilíbrio.
                Na nossa vida profissional, o paralelo não deixa dúvidas. O nosso esforço deverá ser pela procura do ponto de equilíbrio. Dificilmente vamos agradar a todos, ainda mais quando estamos no cargo de liderança. Se os extremos são ruins, o desafio é achar o meio.
                Lidar com seres humanos não é tarefa fácil! E, no mundo corporativo predatório, o conhecimento, habilidade e a atitude da competência, oriundos da nossa graduação é pouco quando não consideramos alguns critérios e características do comportamento humano.  Razão pela qual, conhecemos muitos gestores que fracassaram à frente de suas equipes. Na Enfermagem absolutamente não é  nada diferente. Percebemos muita fraqueza de líderes, o que faz levar o caos aos ambientes de trabalho. Estes, jamais atingirão os alvos por eles propostos e a sentença do fracasso é garantida.
                Ao longo da minha vida profissional, tenho visto muitos  coordenadores sem noção da responsabilidade e do papel que representam. Líderes com séria dificuldade de ouvir os mais fracos e refutar os mais fortes, que são intolerantes com quem acham que são intolerantes e não sabem lidar nem trabalhar com as ideias contrárias. A insolência destrói a sua vida profissional,  pelo que talvez uma dose de humildade e empatia mudasse todo o curso de sua trajetória de ruína.  Já vi colegas assumirem postos de chefia que mais pareciam macacos em loja de louça!    E, aprendi muito e aprendo com esses maus exemplos. Sou grato a eles!      
                Por onde quer que formos, encontraremos alguém que discorde de nós, e isso é bom se toda unanimidade é burra! E, é sempre bom trabalhar com quem pensa diferente! Imagine se todos pensassem da mesma forma? Se todos fossem como você? Imagine um time de futebol. Se todos fossem goleiros no seu time, quem iria armar jogada? Quem iria marcar o gol? Se uma equipe de trabalho é um time, eu como Técnico preciso agregar as ideias e habilidades de cada um extraindo o melhor para a busca do resultado proposto. Talvez você pergunte: E o que fazer com os sujeitos “ sem noção” das ideias estapafúrdias? Ainda assim, devemos dá-los o direito de expressar o que na cabeça deles talvez seja algo genial ou a melhor ideia do mundo!   E a você que lê este post, poderá concordar plenamente, concordar parcialmente ou discordar frontalmente com o que eu disse. Cabe a mim,  respeitar o seu ponto de vista. Discordar não é criar discórdia e sim colaborar.