quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

DISCORDAR É COLABORAR

 
                É  bastante comum antagonizarmos quem pensa diferente da gente e, comumente arrogamos para nós mesmos a razão que julgamos possuí-la. Às vezes com essa postura arrogante, melindramos até mesmo a boa convivência  com as pessoas que nos cercam e, cerceamos a oportunidade de expandir a nossa visão ao desconsiderar o contraditório. Essa postura é uma baita tolice.
                Para a defesa de uma ideia ou de um ponto de vista com o propósito de gerar convencimento é necessário sobretudo, respeitarmos o oposto. Quando defendemos algo, somos inclinados a querer que todos pensem como nós,  e até nos irritamos quando alguém corajosamente ergue a mão e diz: Eu discordo! E, pior ainda, quando esse ser do contra, apresenta uma contestação que nos parece jogar por terra o que foi dito. Por que agimos assim se podemos contra argumentar?  Devemos entender que uma contra argumentação pode provocar uma solidez ainda maior de uma ideia inicial. Se estivermos seguros e embasados, por que não desejar uma manifestação contrária? Agora, se não estamos seguros, naturalmente vamos ficar chateados e até odiar o opositor.  A insegurança gera stress que gera dificuldade de racionalizar. Nos induz a falar alto e até mesmo de demonstrar intolerância.  Lata cheia não faz barulho! Quem tem conteúdo e está seguro no que diz, geralmente é sereno, é tolerante, é convincente e considera bem vinda uma ideia contraditória.
                Devemos aprender a lidar diariamente com quem pensa diferente, agindo com prudência e equilíbrio. Isso vale para  nossa vida familiar, social, religiosa e profissional. Imagine você  numa sala com 40 alunos e você é o professor. A sala é climatizada e você está com o controle do ar condicionado em suas mãos, então você pergunta: Tá quente? E todos respondem que está quente.  Essa unanimidade quer dizer que realmente está quente. Vamos imaginar que você coloque o ar em 15°c  e ai você pergunta: Está frio? E todos respondem que está frio. Isso quer dizer que de fato está frio e você não está com febre! Daí você resolve aumentar os graus do ar para 22°c  e se arrisca e pergunta: Quem acha que está frio? Então, 20 pessoas levantam a mão e, você prossegue: Quem acha que está quente?  As outras 20 pessoas levantam a mão. Esse é o ponto de equilíbrio. Aí deverá permanecer a temperatura do ambiente.  Os polos são sempre perigosos, e a virtude está no meio. Por isso é necessário que achemos o ponto de equilíbrio.
                Na nossa vida profissional, o paralelo não deixa dúvidas. O nosso esforço deverá ser pela procura do ponto de equilíbrio. Dificilmente vamos agradar a todos, ainda mais quando estamos no cargo de liderança. Se os extremos são ruins, o desafio é achar o meio.
                Lidar com seres humanos não é tarefa fácil! E, no mundo corporativo predatório, o conhecimento, habilidade e a atitude da competência, oriundos da nossa graduação é pouco quando não consideramos alguns critérios e características do comportamento humano.  Razão pela qual, conhecemos muitos gestores que fracassaram à frente de suas equipes. Na Enfermagem absolutamente não é  nada diferente. Percebemos muita fraqueza de líderes, o que faz levar o caos aos ambientes de trabalho. Estes, jamais atingirão os alvos por eles propostos e a sentença do fracasso é garantida.
                Ao longo da minha vida profissional, tenho visto muitos  coordenadores sem noção da responsabilidade e do papel que representam. Líderes com séria dificuldade de ouvir os mais fracos e refutar os mais fortes, que são intolerantes com quem acham que são intolerantes e não sabem lidar nem trabalhar com as ideias contrárias. A insolência destrói a sua vida profissional,  pelo que talvez uma dose de humildade e empatia mudasse todo o curso de sua trajetória de ruína.  Já vi colegas assumirem postos de chefia que mais pareciam macacos em loja de louça!    E, aprendi muito e aprendo com esses maus exemplos. Sou grato a eles!      
                Por onde quer que formos, encontraremos alguém que discorde de nós, e isso é bom se toda unanimidade é burra! E, é sempre bom trabalhar com quem pensa diferente! Imagine se todos pensassem da mesma forma? Se todos fossem como você? Imagine um time de futebol. Se todos fossem goleiros no seu time, quem iria armar jogada? Quem iria marcar o gol? Se uma equipe de trabalho é um time, eu como Técnico preciso agregar as ideias e habilidades de cada um extraindo o melhor para a busca do resultado proposto. Talvez você pergunte: E o que fazer com os sujeitos “ sem noção” das ideias estapafúrdias? Ainda assim, devemos dá-los o direito de expressar o que na cabeça deles talvez seja algo genial ou a melhor ideia do mundo!   E a você que lê este post, poderá concordar plenamente, concordar parcialmente ou discordar frontalmente com o que eu disse. Cabe a mim,  respeitar o seu ponto de vista. Discordar não é criar discórdia e sim colaborar.
               
               

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Eleições 2014: profissionais de Enfermagem eleitos deputados

Baixa representatividade compromete pautas de interesse da categoria, como a regulamentação da jornada em 30h semanais e o piso salarial

Sete enfermeiras e dois técnicos de Enfermagem foram eleitos deputados estaduais em 2014. A próxima legislatura terá, ainda, a presença da enfermeira Carmen Zanotto, reeleita deputada federal. “Parabenizamos os eleitos e todos os profissionais que participaram do pleito. A presença nas casas legislativas é fundamental para pautar os projetos interesse da Enfermagem”, afirma Neyson Freire, assessor parlamentar do Conselho Federal de Enfermagem – Cofen.  “Mas, para uma categoria com 2 milhões de profissionais, o número ainda é pequeno”.

Para o assessor, a baixa representatividade política compromete projetos de lei de interesse da Enfermagem, como o que regulamenta a jornada de trabalho – PL -30h e o projeto de criação do piso salarial.  “A situação é crítica”, afirma Neyson, que está fazendo um levantamento estatístico sobre as eleições 2014. “Na Câmara dos Deputados, a presença de profissionais de Enfermagem será ainda mais reduzida; de dois assentos para apenas um.”

A profissão também está presenta nas eleições para o poder executivo. No Amapá, o enfermeiro Rinaldo Martins disputa o 2º turno como candidato a vice-governador.

O Cofen apoia a regulamentação da jornada de trabalho em 30h semanais – já conquistada em alguns municípios – e o estabelecimento de um piso salarial que permita ao profissional viver dignamente. O Conselho, porém, não define essas questões. São necessárias leis que regulamentem essas questões. Por isso, a mobilização dos profissionais e entidades representativas, como sindicatos, também é fundamental.

Veja quem foram os eleitos!
Enfermagem nas Assembleias Legislativas
Fonte: Cofen

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

E agora? Votar em quem?

Falta pouco para o dia das eleições  e, tal como o tempo, as campanhas políticas também esquentam. A temporada de promessas está a todo vapor!  Num dia desses assisti  do início ao fim, ao enfadonho horário eleitoral gratuito na TV. Muito marketing, muita pirotecnia! Dava até pra acreditar em todos os candidatos.  É sério! Muito bem feita a propaganda eleitoral de todos eles,  os postulantes políticos.  Teve momento que pensei que estivesse vivendo num eldorado, num país pujante, em que além de ser grande pela própria natureza fosse mesmo grande na economia, democracia,  justiça social etc. E teve momentos em que pensei que estivesse vivendo no pior dos mundos com todas as desgraças presentes entre nós, talvez um Haiti. Vi  algumas figuras carimbadas que faltaram exibir as suas carteirinhas de corruptos, com discursos inanes, insultando a nossa inteligência;  prometendo como sem falta para faltar como sem dúvida, caso eleitos forem. É assim em terras tupiniquins! A política está desacreditada, os políticos com a imagem mais baixa do que bumbum de cobra! Tanto é verdade que a audiência no horário eleitoral vem caindo quando comparado com pleitos anteriores.

                Que bom que vivemos num país democrático não é mesmo? Daí você pergunta: mas pra quê democracia? Que aliás rima com demagogia e hipocrisia. Lamento dizer: Quem não está satisfeito que apresente outro modelo melhor do que este. Desconheço! O problema não está no modelo em si e sim em nós mesmos que participamos pouco do processo, elegemos maus candidatos e não sabemos cobrar. E os políticos? Quando eleitos nadam de braçadas é claro! Com muitas regalias, satisfeitos e acomodados. O animal satisfeito dorme! E, em época de campanha voltam com força pra renovar as promessas que muitos de nós já esqueceram. Assim, nutrem do sistema e jamais querem cortar o galho em que estão sentados. O povo que se dane! A culpa é sempre do povo, pois o sistema é democrático representativo. Tá certo que precisamos de uma reforma política pra anteontem mas, em última análise o peso da culpa recai sobre nós  que os elegemos. O antídoto pra isso? Participar, aprender a gostar de política e refletir sobre tudo isso. Digo da política na sua essência. Quem ignora a política, a política o ignora! Temos que pensar nisso.

Nós profissionais de Enfermagem que labutamos na saúde e, como trabalhadores e usuários, sentimos na pele os enormes e gritantes problemas deste setor, devemos pensar que os investimentos e a solução que desde sempre são prometidos não nos vão cair do céu como o maná nestes próximos quatro anos. Todo mundo promete compromisso com a saúde, educação e segurança. A cada quatro anos a mesma redundância! Na prática... deixa pra lá! Não quero aqui ser redundante e parecer com tais políticos.

Pergunto para os colegas profissionais de enfermagem: É melhor votar em quem conhece os meandros da saúde ou votar em jogador de futebol, artista, palhaço etc?  É certo que estes podem ser melhores do que muitos que militaram na saúde e querem ser nossos representantes mas, a probabilidade é remota. No legislativo estadual e federal temos muitos parlamentares que são economistas, advogados e médicos. Pensem aí: Quantos parlamentares  são profissionais de Enfermagem e quem de fato irá nos representar?


Em vários estados da federação temos candidatos que são profissionais de Enfermagem. Acho que já é passada a hora de pensarmos em Elegê-los. Faço aqui um apelo aos milhares de profissionais para que façam uma pesquisa e achem esse candidato em seu estado. A hora é essa. Daqui a treze dias iremos às urnas eleger 5 candidatos. Não vamos votar em qualquer um. Vamos pesquisar melhor, discutir sobre isso e decidir com convicção e clareza. Não devemos ter raiva da política,  vamos nos indignar com os políticos ruins, vamos deixar a inércia e o discurso do tanto faz como tanto fez porque todo mundo é igual. Isso já está ultrapassado!

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Do outro lado do balcão

Podemos até falar muito em empatia,  em capacidade de ver como os outros veem,  em capacidade de compreensão etc. E, até tentamos cultivar essas virtudes,  entretanto, antes disso, exercitamos pouco a autocrítica,  o sentimento da mea-culpa e o respeito pelo ponto de vista antagônico ao nosso.  É bem comum criticarmos e, muitas vezes tentarmos transferir o peso da culpa para quem está do outro lado sem termos vivido do lado de lá.

Alto lá! É problema seu! Resolva! Se vire! Muitas vezes nos trinta.  Comumente é assim que procedemos. Para quem não esteve do lado de lá do balcão, por mais que tentem se colocar no lugar do outro para ter uma noção turva de como é, estará bem distante de quem já experimentou estar ou tenha vivido no outro espaço.

Chefes e chefiados, coordenadores e coordenados, comandante e comandado, patrão e empregado. É um questionando ou reclamando do outro! Muitos são os conflitos especialmente no âmbito corporativo, justamente porque quem ocupa essas duas posições nunca  soubera ou tivera a oportunidade de estar no lugar do outro.  Simples assim. Nunca sentiram na pele!

Em alguns anos de profissão, já cuidei de muita gente, já convivi com a dor e o sofrimento do próximo, já assisti a pacientes acamados, intubados, inconscientes etc. Literalmente já dei muitas agulhadas em pessoas e, como aprendi, procurava exercitar a empatia. Mas, nunca tinha tomado um soro na veia, nunca tinha deitado em um leito de hospital até que, recentemente precisei me submeter a um procedimento cirúrgico. Pude experimentar uma anestesia, uma retenção urinária, picadas nos membros superiores e andar de muletas, além de outras experiências. Ricas experiências para um profissional do cuidado humano!

Por mais que imaginemos, por exemplo, o que é ser um diabético, um obeso, um cadeirante um presidiário ou simplesmente um idoso, nunca saberemos de fato de suas restrições. Por isso é enriquecedora a experiência de ter estado um dia no lado oposto. Vamos imaginar um empregado que já foi patrão pedindo aumento de salário para um patrão que tenha sido empregado. Não seria mais fácil a negociação?  Você pode dizer que talvez não seja, mas, não tem como negar que ambos conhecem o que é estar na pele um do outro e,  isso pode melhorar ou agravar a imagem de cada um face ao resultado esperado.


O ponto de vista é a vista a partir de um ponto. Frase do Leonardo Boff. Possui sentido amplo, e que não nos esqueçamos dela! Conheço alguns colegas que possuem grandes dificuldades em se colocar do outro lado do balcão, tanto coordenadores como coordenados que, além de não ter possuido a oportunidade da experiência no campo contrário, não reconhecem suas limitações, não são empáticos e nem querem este exercício fundamental. Tenho certeza que você também conhece um monte destes por aí, alguns com notável preparo técnico e acadêmico, mas que relutam em sair de seus lugares e transcender ao lugar do outro, não reconhecem as suas limitações e muito menos as dos outros. A todo tempo defrontamos com pessoas assim. Cabe aos mais empáticos que lê esta matéria, a tarefa de exercitar ainda mais esta virtude e procurar trazê-los para o outro vislumbre.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

O Dr. Miguel Nicolelis e o seu gol de placa


Em meio a um turbilhão de notícias nefastas sobre a copa no Brasil, finalmente uma que deveria ser a notícia. O acontecimento extraordinário que será exposto ao mundo no próximo dia 12 de Junho, quando será realizada a cerimônia de abertura da copa do mundo. Naquele momento o mundo verá a exibição de um aparelho idealizado por um grande gênio da ciência que desenvolve com sua equipe um belo trabalho no campo da neurociência. Trata-se do exoesqueleto idealizado por um verdadeiro craque, o nome dele: Miguel Nicolelis.


Num país que exila seus cientistas e bajula os milionários jogadores de futebol, finalmente um bom começo! Quando os holofotes do mundo inteiro estiverem sobre as estrelas, os gênios, os astros do futebol, na abertura da copa, entrará em campo alguém que trabalha nos bastidores, alguém que estudou e se debruçou sobre projetos desafiadores, que vive em laboratório e  dedica a vida à ciência,  com o benefício de ter a alegria de trazer esperança a muita gente com paralisia dos membros inferiores.

O Dr. Nicolelis é um renomado neurocientistaé médico e PhD. É professor  de a cadeira “Anne W. Deane”de Neurociência da Universidade Duke nos EUA, dos departamentos de Neurobiologia, Engenharia Biomédica e Psicologia, e é fundador do Centro de Neuroengenharia de a Universidade Duke. Ele também é o fundador e Diretor Científico do Instituto Internacional de Neurociência Edmond e Lily Safra em Natal, no Rio Grande do Norte.

Pessoas do gabarito deste cientista fazem um bem enorme à humanidade, entretanto, não são recebidos com aplausos nos aeroportos, não recebem ovação da "torcida",  não ganham salários estratosféricos, não vivem cercados de paparazzis e flashes. Não precisam e não reivindicam tudo isso! simplesmente trabalham! e com os seus talentos e esforços deixam grandes legados!

Vou torcer pelo Brasil, vou gritar gol e vibrar com as belas jogadas do nosso time de boleiros. Afinal, sou patriota! mas, a abertura da copa do mundo pela razão mencionada, terá um significado especial, o reconhecimento do trabalho de um brasileiro, um verdadeiro craque, que marca o melhor gol de placa! 

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Bananas

Daqui a 45 dias, a Copa do Mundo vai começar no Brasil. Brasil é aquele país da América Latina onde os estádios demoram a ficar prontos, em que quase tudo fica mais caro do que o previsto, onde lutamos contra a corrupção há 500 anos... mas em que ninguém é branco. Ou não deveria ser. Ninguém é preto - ou não deveria ser. Ninguém é azul, amarelo, verde ou vermelho. Temos todas as cores. Ou deveríamos ter.
E hoje... todos nos chamamos Daniel Alves. Todos temos pele mulata, olhos claros e cabelo pixaim. Todos nascemos na Bahia - com sangue negro, branco e índio a correr pelas veias. E todos comemos a banana metafórica lançada no chão.
Essa banana é o Brasil viajando no tempo e no espaço. Comer o racismo e metaforicamente descomê-lo com a melhor das ironias - é esse o Brasil moleque, o Brasil bailarino - capaz de driblar num espaço de guardanapo, de sambar na cara do velho mundo, capaz de superfaturar estádios, metrôs e refinarias, de produzir mensalões e mensalinhos... mas incapaz... ou quase sempre incapaz de aceitar a intolerância.
A intolerância nos agride mais que a corrupção. No Brasil se fala português com açúcar - escreveu Eça de Queiroz. Somos dóceis, somos ternos - e preferimos ser. Nossos pecados são disfarçados - e é bom que assim seja. Desprezamos o alcagüete mais do que o criminoso. Precisamos de leis para impedir que existam elevadores sociais e de serviço - mas não admitimos a humilhação pública. Não admitimos o lançamento de banana.
Podemos ser a PM subindo o morro, podemos ser o tráfico atirando pra baixo... mas, quase sempre, somos o beijinho no ombro, a mão que afaga aqui e afana ali - mas não a que apedreja.
Vamos comer essa banana como Oswald de Andrade. Comê-la, digeri-la e transformá-la. Hoje somos todos macacos. Eu, você, o Neymar, o político, a presidente, o ministro, o empresário, o trabalhador, o senhor, a senhora, o presidiário, o ator, o ladrão, o policial, o bombeiro, o deputado de direita, o vereador de esquerda, o padeiro, o gari, o motorista, o preto, o branco, o azul, o cor-de-rosa.
Somos todos hélios de la peña - temos olhos azuis e pele negra. Somos todos marcos palmeira, mestiços de olhos castanhos e cabelo enrolado Somos todos preta gil, tais araújo, lázaro ramos. Somos todos giovanna antonelli, fernandas lima, tammy gretchen. A pele que nos habita ou a pele que habitamos não tem paradoxo.
Yes, Braguinha, nós temos banana. E hoje, o que importa é pegar essa banana no chão. E comê-la em vez de lançá-la de volta. É nesse pequeno momento em que dá pra acreditar naquela musiquinha de arquibancada - sou brasileiro... com muito orgulho... com muito amor. Porque é o humor que nos separa - é a alegria que nos permite encarar tudo-isso-que-aí-sempre-esteve.
Daqui a 45 dias, o mundo vem ao Brasil - que por causa de um monte de pretos e brancos e índios e mestiços chegou a 2014 como o país do futebol. Do futebol, do samba, da caipirinha, de praias lindíssimas e políticos nem tão belos... da corrupção, dos conchavos e doleiros e KKKKs.
E é esse nosso dilema. Com muito orgulho, com muito amor, o brasileiro segue sendo o narciso às avessas, capaz de cuspir em sua própria imagem com propriedade e de se entender com outro brasileiro em apenas uma frase:
- Brasil, né?
É - Brasil... terra onde em se plantando... tudo dá - menos intolerância. De todas as vilezas do mundo, o preconceito é aquele tipo de inimigo fácil de identificar e difícil de derrotar. O rei mais conhecido deste mundo é preto, atende por Édson e nasceu em Minas Gerais. É no altar dele que deposito meu voto e digo aos lançadores de banana:
Mandem mais.
Mandem mais banana.
Mandem que a gente mata no peito e transforma em bananaço. Numa bem-humorada e coletiva banana para todos aqueles que acreditam nessa bobagem de que cor da pele faz diferença.
Em suma - esta república federativa das bananas orgulhosamente agradece. E orgulhosamente reconhece: sim - essa terra tem mil problemas. Mas alguma coisa - alguma coisa a gente tem pra ensinar pra vocês - e não é futebol.
Muito obrigado pela lembrança.
Bem-vindos ao Brasil.
Fonte: Gustavo Poli   em  http://app.globoesporte.globo.com/futebol/yes-queremos-bananas/

quinta-feira, 27 de março de 2014

Escolas não ensinam aluno a argumentar




Se você está se preparando para o vestibular, provavelmente está ciente da importância de saber defender um ponto de vista para escrever um texto dissertativo-argumentativo, gênero pedido na prova de redação de muitos processos seletivos. Mas isso não é importante apenas para o vestibular: é essencial para permitir o exercício do seu papel de cidadão, defende a pesquisadora e pedagoga Noemi Lemes. E aí é que está o problema: segundo ela, as escolas não preparam os alunos para isso. Para um estudo que desenvolveu pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP no ano passado, Noemi acompanhou estudantes do terceiro ano do Ensino Médio - ou seja, época de prestar vestibular - em escolas públicas da cidade de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, para avaliar seus livros didáticos e seu desempenho em redações dissertativo-argumentativas.

A conclusão foi que três dos quatro livros analisados não trazia nenhuma referência a qualquer teoria sobre argumentação e, em vez disso, apresentava textos jornalísticos como exemplos de textos argumentativos a serem seguidos pelos estudantes. Para Noemi, isso é preocupante porque, em vez de ensinar e estimular o aluno a argumentar e defender seu ponto de vista, o material didático incentiva apenas a reprodução de opiniões trazidas pela mídia. Com a mera repetição de modelos, o aluno não tem contato com outros pontos de vista, textos científicos e informações mais aprofundadas.

Usar textos como exemplos dá a ilusão de existir um posicionamento “correto” sobre determinado assunto, sem que ele tenha acesso a outros pontos de vista e forme sua própria opinião - o que já compromete muito a capacidade de argumentação do aluno. Assim, é fundamental ter acesso ao que Noemi chama de “arquivo” - uma série de textos sobre o tema em questão. Por exemplo, se o assunto é aborto, mais do que apenas ler um texto contra e outro a favor, o estudante deveria também ler textos de leis e artigos científicos sobre isso. Dessa forma, teria contato não apenas com opiniões diferentes, mas com diferentes sentidos em que o tema pode ser abordado.

Além disso, ela critica que a argumentação seja explorada só nos últimos anos escolares, o que significaria subestimar a capacidade dos alunos de lidar com conhecimentos mais profundos.

A origem da teoria da argumentação remonta ao filósofo grego Aristóteles e à sua obra de três volumes Retórica. “Um dos principais propósitos dessa obra é promover a participação ética e eficaz do cidadão no cotidiano da polis”, diz o estudo. Assim, de acordo com os preceitos aristotélicos, a argumentação não se resume a usar técnicas para o convencimento do outro - envolve a formação de um “cidadão crítico, ético e hábil para exercer bons julgamentos diante das questões que lhe são colocadas, dentro e fora da escola”.

Em outras palavras, Noemi defende a argumentação não apenas para que o aluno possa produzir um bom texto para o vestibular, mas para a sua formação enquanto sujeito crítico atuante no meio político e no ambiente social. “Aprender isso deve ser entendido como um direito do sujeito e é estranho que isso seja negado. Saber argumentar numa sociedade é importante para exercer a cidadania, fazer valer seus direitos e se colocar no mundo”, disse ela ao Guia do Estudante, acrescentando que entender como funcionam os mecanismos de persuasão permite não apenas produzir seus próprios discursos, mas também interpretar criticamente os dos outros, identificando técnicas e ideologias e tornando-se menos manipulável.

O que os alunos podem fazer? Noemi recomenda, tanto a eles quanto aos professores, pesquisar a teoria (o que inclui estudar a obra Retórica de Aristóteles) e ler muito - mas ler “criticamente”, procurando identificar as intenções e técnicas de persuasão usadas. Ao treinar para escrever sobre determinado tema, procure ler sobre ele em várias fontes diferentes.

Dicas para uma boa argumentação: veja alguns pontos presentes na Retórica do filósofo grego Aristóteles

Há três gêneros retóricos, dos quais derivam também três gêneros do discurso: o deliberativo (aquele que induz a fazer ou a não fazer algo, muito usado por conselheiros e indivíduos que se dirigem a assembleias públicas), o forense (que envolve a acusação ou a defesa de alguém) e o demonstrativo (que se ocupa do louvor ou da censura de algo ou alguém). Saiba qual o tipo mais adequado antes de começar seu texto.

Seja claro. Se o discurso não deixa claro o que pretende, não cumpriu sua função. Além disso, é preciso usar formato, linguagem e estilo que sejam adequados ao tema.

Os discursos podem ter quatro partes (que não precisam, necessariamente, estar dispostas em quatro parágrafos): o prólogo (na qual o autor deixa clara a finalidade do discurso, preparando os ouvintes), a exposição, a demonstração ou prova (com os argumentos do autor em favor de sua ideia) e o epílogo (a conclusão, na qual o autor amplifica o tema, relembra os ouvintes dos argumentos fundamentais e finaliza o discurso). Os mais importantes são a exposição e a prova.

Tente despertar emoções em seus leitores. Isso aumenta as chances de o leitor ficar mais receptivo às suas ideias. Só não exagere e banque o sensacionalista - equilíbrio é fundamental.

Coloque-se na posição do leitor e tente antecipar os efeitos de sentido do seu texto, bem como possíveis contra-argumentos à ideia que você defende. Então, adicione ao seu texto argumentos para contrapor possíveis opiniões contrárias.

Você pode usar recursos como a metáfora, especialmente se usar relações novas, propondo um modo diferente de olhar para o tema. Fuja de estereótipos e lugares-comuns - é o efeito “surpresa” que pode dar ainda mais força à sua argumentação.

Outros recursos possíveis são entimema e silogismo. Enquanto este traz duas premissas e uma conclusão, no entimema acontece algo semelhante, com a diferença de que uma ou mais premissas podem ser suprimidas por serem consideradas óbvias ou já conhecidas.


Nota: Na enfermagem e noutras profissões dentro e fora da saúde, são despejados milhares e milhares de profissionais tarefeiros para "atender" as exigências do mercado. A maioria absoluta destes profissionais  não foram ensinados a pensar e  já chegaram à faculdade formatados e, portanto, não foram instigados a levantar questionamentos durante a vida acadêmica. Quem dera se o verdadeiro objetivo da educação fosse o de ensinar os alunos a pensar e não a ser meros reprodutores do conhecimento alheio. [AD].

segunda-feira, 17 de março de 2014

ATOS PÚBLICOS NO DIA 14 DE MARÇO


Nesta sexta-feira (14), profissionais de Enfermagem de todo o país “vestiram” de branco a Avenida Paulista, em São Paulo, e exigiram a aprovação do PL 2295/00- que regulamenta a jornada em 30 horas semanais para todos os auxiliares, técnicos de enfermagem e enfermeiros.
O grande ato público, chamado “Enfermagem Vem pra Rua”, reuniu milhares de profissionais, além de integrantes da sociedade civil sensíveis à causa.
O presidente do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), Osvaldo Albuquerque, enfatizou que “a aprovação do PL é de suma importância para a saúde do país, já que com isso, a qualidade dos atendimentos nas redes pública e privada melhorará significativamente.” Albuquerque também afirmou que a aprovação das 30 horas semanais sanará diversas problemáticas decorrentes de uma carga horária de trabalho excessiva. O presidente do Cofen, levantando o coro de “Enfermagem vem pra Rua”, ressaltou o papel da Enfermagem e a força da categoria.
Estiveram também presentes  no evento representantes de diversas entidades da Enfermagem e das centras sindicais- CUT, CTB e Força Sindical.
O Ato de hoje foi promovido pelas entidades que compõem o Fórum Nacional 30 horas Já: Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), Federação Nacional de Enfermagem (FNE), Confederação dos Trabalhadores de Saúde (CNTS), Executiva Nacional dos Estudantes de Enfermagem (ENEEnf) e Associação Nacional de Auxiliares e Técnicos em Enfermagem ( Anaten).

Fonte: Ascom/Cofen

A presidente do Conselho Regional de Enfermagem da Bahia (Coren-BA), Maria Luísa de Castro Almeida, esteve nesta sexta-feira, 14 de março, na praça Thomé de Souza, em frente a Câmara Municipal de Salvador, para ato público em defesa da jornada de 30 horas semanais para os profissionais de enfermagem. Organizado pelo Fórum Baiano de Enfermagem 30 Horas, a manifestação teve por objetivo despertar a sociedade para a necessidade da decretação da carga horária desses trabalhadores e defender a aprovação, na Câmara Federal, do PL 2295/2000, que regulamenta a medida a nível nacional.Além do Coren-BA, que esteve representado pela presidente, conselheiros e enfermeiros fiscais, a ação contou com representantes da Associação Brasileira de Enfermagem, seção Bahia (ABEn-BA), do Sindicato dos Trabalhadores Federais em Saúde, Trabalho e Previdência da Bahia (SINDPREV-BA), do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do Estado da Bahia (Sindsaúde-BA), do Sindicato dos Enfermeiros do Estado da Bahia (Seeb-BA), da Associação Nacional de Auxiliares e Técnicos de Enfermagem da Bahia (Anaten/BA) e profissionais de enfermagem, que juntos reivindicaram por maior segurança na assistência prestada à população e para o exercício profissional, diminuição de afastamentos por doenças ocupacionais e por novos postos de trabalho para futuros profissionais.
Fonte: www.coren-ba.com.br

domingo, 9 de março de 2014

INSATISFAÇÃO E MALEDICÊNCIA ENTRE NÓS


É dispensável a realização de uma pesquisa entre nós para mensurar o tamanho do descontentamento que assola a nossa classe profissional. Basta andar por aí e conversar com quem está na linha de frente, e então concluiremos o óbvio. Ultimamente não tenho encontrado um sequer que esteja satisfeito, quer pelas condições de trabalho oferecidas pelas instituições, quer pela remuneração ou reconhecimento profissional. Tanto no serviço público quanto no privado é patente a desmotivação e a desesperança que têm baixado em nós.

Podemos agrupar várias razões como determinantes deste fenômeno, que vão desde a falta de vontade política para tratar a saúde dos brasileiros (incluindo a nossa) como prioridade de governo neste país, à passividade dos profissionais que sucumbem acomodados dentro de um sistema vil. Não é exagerado dizer que tem muita gente padecendo. Grande parcela está submetida a contratos precários de trabalho, subempregos e em regime que podemos até nominar de neoescravagista.

Em um mundo pós-moderno, em que a ostentação e a vaidade são reinantes, onde eu preciso ostentar mais do que ter um bom emprego, um bom carro, uma boa casa etc. Não ter condições para satisfazer alguns desejos, tende a provocar em mim uma tristeza e conflito interno; porque para ser bem aceito na sociedade eu preciso mostrar. A sociedade me cobra e eu, vou na onda exibicionista! Valores invertidos, aliás, muita coisa de ponta-cabeça.  Neste tempo e neste meio estamos nós profissionais de Enfermagem.

Já encontrei muitos colegas  que tem vergonha de dizer que são Enfermeiros, Outros tímidos para dizer quanto ganha de salário, em qual instituição labora, ou que estão desempregados. Vergonha de parecer desvalorizados, ridículos! E não são poucos. Estes e muitos outros, após uma leitura apressada e equivocada das causas que de fato constituem o cerne da questão, ou que a elas estão atreladas, apontam os canhões para a categoria profissional e maldizem a Enfermagem como um todo. Já ouvi certas coisas do tipo: Enfermagem não está com nada! Estou arrependido de ter escolhido Enfermagem! Eta profissãozinha!  Ou interrogações seguidas de exclamações como: Você é Enfermeiro? Coitado de você! Essas pessoas esquecem que a Enfermagem é feita por pessoas e a culpa pode estar nelas mesmas.  E, quando maldizemos a nossa profissão, estamos maldizendo a nós mesmos. Um tiro no próprio pé! E o pior, sem ao menos fazer uma reflexão, com o fim de buscar uma solução para os problemas. Tentar apequenar uma profissão tão nobre e de forma tão superficial não é inteligente. Antes de disparar qualquer coisa, devemos mirar nas causas. Não precisamos também ficar calados e acuados. Os problemas são reais e graves. Jamais temos que fechar os olhos para as aberrações que nos assolam. Além de quem é cuidado por nós, somos os grandes prejudicados. Fechar os olhos em meio a um tiroteio para não ser atingido é insanidade. Sendo assim, precisamos diagnosticar as causas dos problemas e procurar meios para tocar suas raízes.


Muita coisa precisa ser trazida a lume e debatida, com conhecimento, senso crítico e vontade de mudança. Essas questões e outras contingentes, precisam ser tratadas com carinho por nós. É premente! Chega de ficar focado apenas na nossa tarefa diária, na técnica de tal procedimento e nas rotinas costumeiras! Ser profissional de Enfermagem verdadeiramente, é muito mais do que isso. É também pensar nos fatores condicionantes e determinantes dos  eventos, com senso crítico. A maledicência, que vai além de falar mal do colega, caminha na contramão e é condenada pelo nosso código de ética; pois, tende a causar efeito rebote, pelo que, faz agravar uma situação; neste caso, já difícil. Achar que vamos conseguir despertar nos nossos colegas o desejo da mudança nos valendo deste meio é ledo engano. Maldizer a profissão do cuidado é diminuir a nós mesmos. Talvez você pense assim: mas, muitos dos colegas precisam mesmo ser diminuídos, pois não tem nenhum preparo e muito menos, vocação ou respeito para  com esta profissão e, suas presenças contaminam o ambiente de trabalho com os maus exemplos. Mesmo assim, devemos pensar na maioria, que trabalha de forma decente. Quando falamos mal da Enfermagem, a ideia que passamos é o nivelamento de todos os profissionais para o mesmo patamar. Aí é nefasto. Vamos nivelar por cima ou por baixo?  Vamos pensar nisso!

domingo, 23 de fevereiro de 2014

NÃO SEI!

 
 
No decurso da minha vida profissional, convivi com muitos colegas em diversas instituições; em São Paulo, Minas Gerais e na Bahia. Atualmente, o meu trabalho me permite o contato com centenas de profissionais, muitos dos quais são coordenadores, supervisores e gerentes de Enfermagem. Já ouvi e interroguei muita gente sobre os mais variados assuntos e, tenho percebido a nossa dificuldade não só de ouvir, como também em dizer um simples "não sei". A explicação para isso é que, somos seres humanos de carne e osso e, esse é um problema do homem que, segundo alguns autores filósofos, apenas um em cada cem, confessa sem dificuldade, não saber de algo, quando solicitado.
 
Saber que não sabe, já é saber! E, o gesto de reconhecer a ignorância é o primeiro passo para o aprendizado. Ninguém sabe de tudo e ninguém ignora tudo. Sendo assim, reconhecer a ignorância é maiúsculo, porque é uma confissão de humildade. Mesmo sabedores disso, somos inclinados a fabricar respostas afobadas e infundadas à perguntas que, para as quais, não temos plena certeza ao responder. Ao invés disso, deveríamos refletir mais sobre a sua fundamentação e solidez; fazendo análise de possíveis consequências das nossas palavras ditas.
 
A ignorância, naturalmente é vista com desdém. Motivo por que, não queremos parecer ignorantes e, esquecemos que todos ignoram alguma informação ou algum conhecimento, por mais simplórios que sejam. Ficamos envergonhados, quando em nossa área de atuação profissional, temos que reconhecer que não sabemos ou dominamos tal teoria ou procedimento. Mas, se bem pensarmos, não precisamos disso!
 
Há alguns anos atrás, na minha lua de mel profissional, me recordo de quando precisei fazer a primeira SVD - Sondagem Vesical de Demora de minha vida. Tinha visto e auxiliado alguns destes procedimentos no período de estágio curricular e não tinha nenhuma destreza para tal; mas, tinha a consciência de que precisava aprender. Para o meu azar, um colega muito experiente, com mais de vinte anos de quilometragem profissional, foi à beira do leito me auxiliar. A sua terrível presença, olhando os meus movimentos e minha vagarosidade, me deixava corado pelo nervosismo, devido ao medo de ser flagrado executando a técnica de forma errada. Eu era bem arrogante! Não era humilde o suficiente para simplesmente dizer que se tratava do meu primeiro procedimento daquela natureza e, que queria muito aprender e ter o domínio do ato. Isso seria o bastante! Talvez tudo o que bastava para me fazer mais calmo e o suficiente para ter a compreensão e ajuda do meu colega com expertise.
 
A arrogância é deletéria para mim mesmo, e também, produz consequências para outros. Com o tempo a nossa cosmovisão e a nossa experiência são ampliadas. Não nascemos prontos. Temos que pensar assim! Então, não precisamos ter medo de cair no júri popular dos próprios colegas, quando não sabemos o suficiente para dizer, fazer ou escolher. A dúvida é uma pergunta sincera, e esta, deve ser uma bússola para achar o norte, e que, de maneira nenhuma se torne o próprio norte. Pelo fato de ser coordenador, diretor ou seja lá o que for, não tenho que saber de tudo, ou achar resposta para tudo. Quando não sei, é mais admirável dizer de pronto: "não sei".

domingo, 16 de fevereiro de 2014

FAZENDO POR AMOR

Indubitavelmente o amor é anterior e superior a qualquer boa ação. O amor é divino e devemos praticá-lo, pois não se trata de apenas um sentimento. Sem amor nada seríamos, ainda que falássemos a língua dos homens e dos anjos, conforme São Paulo, em I coríntios 13:1.
Em nosso meio, é bem comum ouvirmos que exercemos a enfermagem por e com amor, e é bom ouvir isso! Acredito que a maioria dos profissionais são vocacionados de fato e amam o que fazem. Afinal, a Enfermagem tem suas raízes no sentimento de religiosidade, que muito marcou seu espírito até hoje. Pertencemos a profissão que tem a arte de cuidar incondicionalmente, só que, muitas vezes o nosso pensamento para por aí!
Façamos uma reflexão honesta:

Acho que seria mais coerente dizermos: Exerço a Enfermagem não apenas por dinheiro, a exerço por amor e por dinheiro, sem hipocrisia. O amor é sublime e o dinheiro necessário. Ou não? Nós da Enfermagem evitamos  falar de dinheiro associando-o às nossas atividades, porque o dinheiro não é assim tão importante. Será? Vá a um supermercado e na hora de passar no caixa veja se não é importante? Faça um curso de graduação,  pós graduação e aprimoramento profissional pagos e veja se  não é importante? Faça uma viagem para participar de algum congresso a fim de enriquecimento profissional e veja se o dindim não é fundamental?

Há pouco tempo em uma conversa com um amigo e colega, representante do Sindicato dos Enfermeiros do Estado da Bahia - SEEB, no extremo sul do estado, quando ele se esforçava para atualizar uma tabela de honorários da Enfermagem, fiquei convencido de que deveríamos falar disso também. Imagine uma situação hipotética (ilustrada por ele) e veja se tem identificação contigo?   Possuo um conhecido, um quase amigo, um vizinho que é um profissional bombeiro, encanador, pedreiro etc. Essa pessoa adoece, fica acamado e me chama em sua casa para fazer um curativo, para administrar algum injetável etc. Faço os procedimentos por amor é lógico, não cobro nada pelo serviço e vou embora. Amanhã, quando precisar de um reparo na minha casa e precisar do serviço deste profissional, e chama-lo em minha residência, ele vai me cobrar pelo seu trabalho. É seu ganha- pão! Ele está correto, pois vende o seu serviço em troca de dinheiro. E eu, naturalmente aceito, concorda? Acontece que, antes, quando o servia, não pensei ou não falei do valor do meu serviço porque não tenho este hábito.

Para quem não sabe, possuímos uma tabela de valores de procedimentos e deveríamos usá-la  mais. Eu, poderia perfeitamente fazer o(s) procedimento(s) no caso citado acima, dar o valor do serviço e não cobrar dele naquele momento, explicando as razões pelas quais não devo fazê-lo. E não simplesmente, dizer: nada! quando perguntado sobre o preço. Assim, estaria dizendo a ele que o meu trabalho tem também um preço e que minha profissão também possui honorários  e naquele momento estava ali por um ato de solidariedade.

Queridos colegas, fazemos parte de uma profissão regulamentada, e que se expande com novas tecnologias, em meio às constantes transformações do mundo moderno.  Precisamos a cada dia de  aperfeiçoamento, de atualização, de crescimento profissional, em prol do próprio ser humano. Tudo isso tem um dispêndio. Dá pra fazer trabalhos voluntários caritativos? Dá pra fazer e devo fazer! Poderei tirar 1 ou 2 dias na semana e me dedicar a isso. É nobre e me faz bem! Entretanto, seria difícil viver do voluntariado somente. Para pensar no outro, para fazer bem ao outro, para ofertar uma assistência de qualidade, preciso pensar em mim também. Em suma, Faço por amor!

domingo, 9 de fevereiro de 2014

PROBLEMAS COMPLEXOS EXIGEM SOLUÇÕES COMPLEXAS


Ao fazer um extrato dos principais fatos que marcaram a semana, me deparo com um caso marcante, objeto de veiculação exaustiva nos telejornais brasileiros. Trata-se da médica cubana Ramona Matos Rodrigues que deserdou, abandonando o seu posto de trabalho no Pará e o recém criado programa Mais Médicos do governo federal,  indo para Brasília em busca de asilo político, onde foi acolhida pelo partido Democratas-DEM, em especial pelo parlamentar e médico Ronaldo Caiado. (Prato cheio para a oposição).
 
Nas manifestações de rua em Julho do ano passado, fruto de uma crise aguda de representação política, uma das principais queixas da população foi a saúde pública. O governo então, lançou estrategicamente o programa mais médicos, que  vinha sendo fermentado pelo Partido dos Trabalhadores - PT, e que deu muito e  está dando o que falar, em especial, entre as entidades médicas e partidos de oposição.
Se o programa que, segundo dados do governo, tem a aprovação de mais de 70% da população, é imprescindível para este momento, tenho cá minhas dúvidas, devida a superficialidade com que foi pensado.
 
É notório que a saúde nunca foi prioridade de governo neste país. O problema na saúde é muito mais profundo do que a priori se imagina. Não é algo tão simples que dá pra resolver com um toque de caixa e pronto! Seria o mesmo que tentar tratar fratura exposta com esparadrapo.
 
Muito se tem falado em médico, má distribuição  e falta destes profissionais no interior do Brasil. Mas, cadê uma política séria para poder fixa-los no interior? Cadê um plano de carreira no SUS,  o piso salarial nacional? Ademais, a saúde não é feita só por médicos. E os outros profissionais? não são igualmente importantes? 
 
Quero dizer que sou apaixonado pelo SUS. Quem o detesta ou não o aprova, sugiro que volte um pouco na história e veja como era feita a saúde antes de 1988. Entretanto, entendo que, o sistema é um campo em construção e que obviamente precisa avançar. Os governos precisam encarar os problemas  com mais seriedade e menos politicagem. Atribuir tudo à falta de médicos apenas,  fazendo com que população acredite na "panacéia" encontrada e, tentar se eximir da responsabilidade não é o caminho.  Governar apenas de olho na urna (isso vale para todos os partidos políticos) não é para nós sustentável, não é alto, não pode ser aceitável!  Precisamos exigir soluções duradouras, ainda que os problemas sejam complexos.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

ÀS ESCONDIDAS



Me permita hoje, caro leitor e internauta, começar com um rápido exercício dirigido especialmente a você colega, profissional da Enfermagem. Pare um pouquinho e neste exato instante pense comigo em quantos colegas estão labutando em seus postos de trabalho. Imagine quantos postos de saúde, clínicas, prontos-atendimentos, emergências de grandes hospitais, etc. estão abarrotados de pacientes que são cuidados por colegas que diligentemente cumprem com a parte que lhes cabe. Muitos em ambientes altamente insalubres e desumanos, outros literalmente derramando seu suor em ambientes quentes e insuportáveis, no pleno verão brasileiro! Então,  de norte a sul do país tem muita gente nessa linha de frente, sentido na própria pele as deficiências da estrutura da saúde pública deste amado Brasil. Falar disso agora pode ser até dispensável pois você e qualquer profissional já passou e passa por isso,  e sabe muito bem do funcionamento deste nosso ofício porque já sentiu na própria carne. Talvez você diga: Isso é rotina do meu cotidiano, não me causa espanto,  é algo normal!  Quem precisa refletir sobre isso são os governantes, os parlamentares, os gestores da saúde e a população em geral que tem em suas mãos o poder de decidir em um país democrático de direito! Quero dizer que, piamente concordo contigo.  Agora pergunto: Estamos satisfeitos? Está bom assim? Isto está certo? É muito claro que não!  Ocorre que, agonizamos sozinhos sem o devido e merecido respeito que nos é cabido. Por quê?  Agora tento explicar:

A Enfermagem por anos e anos ficou escondida dentro dos seus redutos. Dentro dos hospitais, clínicas e outros postos de trabalho ficamos silentes. Muito evoluímos no saber técnico-científico, produzimos ciência e ganhamos notoriedade acadêmica, isto é fato! Mas, e o reconhecimento social e financeiro somados à participação nos espaços de poder? Será que avançamos em ritmo igual ou parecido? De novo, não! Antes de prosseguir, quero relembrar que somos uma das maiores forças de trabalho organizadas deste país. Dentro da saúde possuímos o maior contingente de profissionais e temos pouca visibilidade e representatividade política. No parlamento brasileiro, dos 513 deputados federais, temos 02 parlamentares Enfermeiras. Entre os 81 senadores não temos representantes (alguém da Enfermagem). Número pífio, dada a quantidade de profissionais. O que nos falta? Você pensou em união, eu sei! Tudo  bem, tenho que concordar contigo! O diagnóstico é cristalino e não deixa margem para outra hipótese. Confesso que ao longo da minha vida profissional já conversei com muitos colegas sobre este assunto e a concordância nesse ponto chega a assustar! Pois bem,  é fácil chegar  à união desejável? Teoricamente sim. Primeiro é bom dizer que para isso temos que começar exercitando o sentimento de humildade e união, e que tudo começa de dentro pra fora.  Eu tenho que mudar para que o meu ambiente de trabalho mude e, alcance o mundo a minha boa influência, e não ao inverso.  Mas essa leitura muita gente já fez e procura praticar. Ainda assim, parece que não saímos do lugar! Então é preciso nos organizar, com rumo e meta bem delineados. Precisamos querer mais, discutir mais sobre isso e avançarmos para além de um discurso puramente oco. Temos que botar em prática o que desejamos, com paciência e visão prospectiva. Necessitamos enxergar além do óbvio, nos interessar mais pelo assunto e contagiar os outros com o bom exemplo. Não há outro caminho a ser trilhado. Se quisermos ter mais visibilidade e representatividade nos espaços de poder, devemos sim, pensar nisso com humildade, porque nesse ponto ainda somos muito arrogantes. Uma profissão tão nobre não pode ficar reduzida às tarefas do labor diário. Temos massa cinzenta, somos sujeitos pensantes, políticos, idealizadores. Ou não nos damos conta disso ainda? Chega de ficar às escondidas!

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Tolerância Intolerável



Desde algum tempo vejo no facebook anúncios e chamadas para o "dia E", evento da Enfermagem marcado para o dia 14 de Março do corrente ano que ocorrerá em São Paulo no vão do Masp. Os organizadores almejam levar grande multidão para a rua, ou melhor, para a Avenida Paulista naquele dia, com o intuito de reivindicar dos governantes melhores condições de trabalho para a classe, inclusos a aprovação dos Projetos de Leis - PLs que tramitam no Congresso Nacional.

Toleramos há quase 14 anos a promessa das 30hs, proposta no PL 2295/2000, e há quase 5 anos, o PL 4924/09, que estabelece o piso salarial para a categoria. Aquele, pronto para ser votado, este, parado, depois de tramitar por algumas comissões. Com todo o afloramento de expectativas que estes projetos especialmente despertaram nos profissionais de Enfermagem ao longo desses anos em todos os rincões do país, são notadamente tímidos os movimentos  pela aprovação dos PLs, levando em consideração a magnitude do contingente de profissionais que beira os 1,8 milhões. 

Muitas esperanças foram alimentadas, muitos já desanimaram, dada a demora na aprovação, devido ao desinteresse do governo que nos enxerga como uma categoria de extraordinária expressão numérica, pouca representatividade política e sobremaneira acuada para mobilizar-se; portanto, fraca politicamente. Em ano eleitoral, fico aqui pensando com os meus botões, como seria extraordinário se ao invés de expectantes, por todos os estados da federação fizéssemos o mesmo que os profissionais de São Paulo! A hora é agora, já toleramos além do limite! Para o bem da Enfermagem brasileira e consequentemente para o bem da sociedade, dado o benefício que o projeto representa para todos, devemos nos interessar mais pelos projetos supramencionados e nos organizarmos melhor. Que reflitamos nisso!

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Bem-vindos

Depois de 16 anos casado com Enfermagem e acúmulo de um pouco de experiência, resolvi criar este blog com o fim de instigar o pensamento crítico reflexivo nos profissionais de Enfermagem, postulantes a profissionais e simpatizantes desta profissão nobre do cuidado humano. Aqui, discutiremos e opinaremos sobre o nosso cotidiano, sobre política, educação e outros temas relacionados à categoria.
 
A despeito de incontáveis blogs e sites de cunho informativo e científico, existe um certo vazio no que tange a discussão de fundo e opinião dos fatos e eventos, em se tratando de Enfermagem no Brasil. Por esta razão, caro internauta, me valho desta mídia para expressão e provocação, como uma cunha para a nossa reflexão crítica.
 
Com tantos recursos tecnológicos que temos ao nosso dispor em todas as áreas do conhecimento, em nosso dia-a-dia, estamos mal acostumados com o "tudo pronto". A ditadura da urgência nos consome, naufragamos na internet com o pouco de tempo que nos resta. Somos mais autômatos, mecanicistas, superficiais. O senso crítico é relegado ao segundo ou terceiro plano e não substituímos a conformação por transformação desejável. O mundo pós-moderno nos trouxe mais facilidades no fazer e mais dificuldade no refletir.
 
A pessoa que vos escreve é um simples ENFERMEIRO, alguém que possui uma certa quilometragem, que já viveu e sentiu na pele muitas agruras peculiares do exercício da profissão. Não tenho todas as credenciais para toda esta tarefa para a qual me proponho, todavia, sei que contarei com a ajuda de diversos colegas. Por hora este é o nosso canal, mande sugestões e opiniões. Logo estarei criando também no facebook um perfil com o mesmo slogan. REPENSANDO A ENFERMAGEM.  SEJAM BEM-VINDOS!

                                                                                           Aélio Duque da Silva