domingo, 16 de fevereiro de 2014

FAZENDO POR AMOR

Indubitavelmente o amor é anterior e superior a qualquer boa ação. O amor é divino e devemos praticá-lo, pois não se trata de apenas um sentimento. Sem amor nada seríamos, ainda que falássemos a língua dos homens e dos anjos, conforme São Paulo, em I coríntios 13:1.
Em nosso meio, é bem comum ouvirmos que exercemos a enfermagem por e com amor, e é bom ouvir isso! Acredito que a maioria dos profissionais são vocacionados de fato e amam o que fazem. Afinal, a Enfermagem tem suas raízes no sentimento de religiosidade, que muito marcou seu espírito até hoje. Pertencemos a profissão que tem a arte de cuidar incondicionalmente, só que, muitas vezes o nosso pensamento para por aí!
Façamos uma reflexão honesta:

Acho que seria mais coerente dizermos: Exerço a Enfermagem não apenas por dinheiro, a exerço por amor e por dinheiro, sem hipocrisia. O amor é sublime e o dinheiro necessário. Ou não? Nós da Enfermagem evitamos  falar de dinheiro associando-o às nossas atividades, porque o dinheiro não é assim tão importante. Será? Vá a um supermercado e na hora de passar no caixa veja se não é importante? Faça um curso de graduação,  pós graduação e aprimoramento profissional pagos e veja se  não é importante? Faça uma viagem para participar de algum congresso a fim de enriquecimento profissional e veja se o dindim não é fundamental?

Há pouco tempo em uma conversa com um amigo e colega, representante do Sindicato dos Enfermeiros do Estado da Bahia - SEEB, no extremo sul do estado, quando ele se esforçava para atualizar uma tabela de honorários da Enfermagem, fiquei convencido de que deveríamos falar disso também. Imagine uma situação hipotética (ilustrada por ele) e veja se tem identificação contigo?   Possuo um conhecido, um quase amigo, um vizinho que é um profissional bombeiro, encanador, pedreiro etc. Essa pessoa adoece, fica acamado e me chama em sua casa para fazer um curativo, para administrar algum injetável etc. Faço os procedimentos por amor é lógico, não cobro nada pelo serviço e vou embora. Amanhã, quando precisar de um reparo na minha casa e precisar do serviço deste profissional, e chama-lo em minha residência, ele vai me cobrar pelo seu trabalho. É seu ganha- pão! Ele está correto, pois vende o seu serviço em troca de dinheiro. E eu, naturalmente aceito, concorda? Acontece que, antes, quando o servia, não pensei ou não falei do valor do meu serviço porque não tenho este hábito.

Para quem não sabe, possuímos uma tabela de valores de procedimentos e deveríamos usá-la  mais. Eu, poderia perfeitamente fazer o(s) procedimento(s) no caso citado acima, dar o valor do serviço e não cobrar dele naquele momento, explicando as razões pelas quais não devo fazê-lo. E não simplesmente, dizer: nada! quando perguntado sobre o preço. Assim, estaria dizendo a ele que o meu trabalho tem também um preço e que minha profissão também possui honorários  e naquele momento estava ali por um ato de solidariedade.

Queridos colegas, fazemos parte de uma profissão regulamentada, e que se expande com novas tecnologias, em meio às constantes transformações do mundo moderno.  Precisamos a cada dia de  aperfeiçoamento, de atualização, de crescimento profissional, em prol do próprio ser humano. Tudo isso tem um dispêndio. Dá pra fazer trabalhos voluntários caritativos? Dá pra fazer e devo fazer! Poderei tirar 1 ou 2 dias na semana e me dedicar a isso. É nobre e me faz bem! Entretanto, seria difícil viver do voluntariado somente. Para pensar no outro, para fazer bem ao outro, para ofertar uma assistência de qualidade, preciso pensar em mim também. Em suma, Faço por amor!

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